quinta-feira, 23 de abril de 2009

Memória do Futebol Pernambucano - Torre



Torre Sport Club foi um clube brasileiro de futebol fundado no bairro da Torre, da cidade de Recife, no estado de Pernambuco. Era o time do governador Estácio Coimbra.

Um jogo com o Flamengo/RJ em 1925

No ano de 1925, o Torre que havia sido vice-campeão estadual no ano anterior organizou um certame chamado Troféu Torre Sport Club que seria disputado em uma única partida contra o Flamengo. Vencendo a disputa por três tentos á um com dois gols de Junqueira, o scratch do Flamengo/RJ levantou aquela taça.


Um pouco do campeonato de 1926

O ambiente esportivo voltou a ficar agitado no início de 1926. Os presidentes do Sport, América e Peres, respectivamente, Roberto Rabello, José Fernandes Filho e João Duarte Dias, comunicam ao público desportivo brasileiro, em manifesto publicado pelos jornais, terem se desfiliado da Liga Pernambucana de Desportos Terrestres e fundado a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos.
No documento, os dissidentes denunciavam a existência de um plano, entre Santa Cruz, Náutico, Flamengo e Torre, com a participação do presidente da Liga, Cícero Brasileiro de Melo (recentemente eleito), para colocá-los à margem da política interna da entidade, o que ficara provado nas eleições, pois, enquanto quatro clubes denunciados tiveram, cada um, dois diretores na composição da nova diretória, nos tivemos apenas um representante cada, e o Peres nem isso mesmo tivera.
Pelo Jornal do Commercio, edição de 1º janeiro, a LPDT publicou nota oficial, dando sua versão sobre a cisão havida.Explicava a nota que tudo fora feito para evitar a crise, conseqüência funesta, enfatizava, da paixão extremada do clubismo e o desejo infortunado da prepotência de certos elementos no seio de uma coletividade determinante. Acrescentava ainda que Sport e América, depois de haverem lançado mão de todos os processos para obterem maioria no novo corpo dirigente, processos ínvios e, às vezes, nefastos, declararam, solenemente, no dia da eleição, conforme constava da ata,que seus clubes não aceitariam nenhum cargo eletivo de modo peremptório. Quanto ao Peres, ironizava a LPDT, é um clube em situação irregularíssima, sem sede, sem time, tecnicamente incapaz, que não sofreu admoestação da Liga em sua agonia lenta de dois anos cujo sopro de vida no Conselho apenas existia,mercê do oxigênio que lhe soprava o Sport para dar-se ao luxo de ter um representante em duplicata.
Apesar da interferência de várias figuras de projeção, inclusive do Governo, na tentativa de uma solução para a crise, nenhuma das partes se afastou da decisão tomada. Maior a nau, maior a tormenta, comentava-se. Paralelamente aos jogos do campeonato da Liga, a Associação Pemambucana de Esportes Atléticos também programou seus jogos com times suburbanos, dividindo o público. Quando acabou a briga, que durou seis meses, o certame já estava no turno final, mas mesmo assim Sport e América dele participaram, embora soubessem não haver mais chances para a conquista do título. Fiel à causa, o Peres não voltou, e seu presidente, João Duarte Dias, declarou pelos jomais que tinha sido traído.


Campeão Pernambucano de 1926. O time era formado com Valença, Filuca e Pedro Barreto; Aquino, Hermes e Dantas;Osvaldo, Piaba, Péricles,
Antonio e Chiquinho.


O Torre beneficiado é o campeão

Quem terminou sendo beneficiado com as ausências dos rubro-negros e alviverdes, favoritos ao título, foi o Torre. O chamado madeira rubra terminou conquistando o campeonato de 1926, o primeiro da sua existência, a 2 de janeiro de 1927, nos Aflitos, derrotando o América por 2 a O, gols de Péricles e Piaba. O árbitro foi o dirigente tricolor, Carlos Rios, arranjado de última hora, uma vez que o escalado, Renato Silveira, também dirigente (Sport), não compareceu.
Time campeão - Valença, Aquino e Pedro Barreto; Arnaldo, Hermes e Dantas; Osvaldo, Piaba, Péricles, Policarpo e Galvão.
O madeira rubra, fundado a 13 de maio de 1909, interrompia um predomínio de 10 anos de Sport e América, únicos campeões pernambucanos, desde 1916. Embora se dissesse que o Torre não teve méritos na conquista do título, verdade é que o clube de José da Silva Loyo armara um bom time. Seu primeiro grande passo foi tirar do Sport Club do Recife um dos melhores atacantes da Região, o artilheiro Péricles.


VALENÇA, HERMES, MIRO, LELECO, FAUTINO, COSTA, AGNELO, PIABA, MATURANO, LETONA, e ALDO
Torre campeão pernambucano de 1929


O campeonato invicto

Se no ano de 1926 houve questionamentos acerca do campenato conquistado pelo Torre, em 1929, o madeira rubra não deixou dúvidas, conquistou o título de forma invicta, tendo derrotado Santa Cruz, Náutico, América e empatado por duas vezes com o Sport. O campeonato fora disputado por oito equipes em sistema de pontos corridos com jogos de ida e volta.

A revolução de 1930

A revolução que depôs o presidente Washington Luiz colocou Getulio Vargas no poder e deixou o Recife em polvorosa. O governador Estácio Coimbra teve que fugir para não ser preso e Carlos de Lima Cavalcanti, seu opositor, ligado aos revolucionários, assumiu o Governo de Pernambuco.
Paralisado o campeonato e não havendo condições de sua continuidade, que ia sendo liderado pelo Torre, Renato Silveira, presidente da LPDT, resolveu convocar uma assembléia geral para dar por encerrado o certame. A reunião aconteceu na noite de 12de dezembro, sendo assinado pelos representantes dos times disputantes, exceto Torre e Encruzilhada, o seguinte documento:

“Os abaixo firmados, representantes dos clubes filiados, Sport, América, Náutico, Íris, e Santa Cruz, reunidos aos 12 dias do mês de outubro de 1930, sob a presidência do Sr. Renato Silveira, presidente da LPDT, atendendo às circunstâncias especiais criadas pelos acontecimentos imprevistos que sacudiram o País, anormalizando a vida esportiva do Estado e tornando materialmente impraticável o prosseguimento do campeonato de 1930, resolveram acordar que seja o mesmo campeonato encerrado, considerando-se vencedores do campeonato deste ano os quadros dos clubes colocados em primeiro lugar na contagem dos pontos dos jogos já aprovados, sugerindo-se à diretoria da Liga instituir prêmios especiais para os citados vencedores. O Torre estava assim proclamado campeão de 1930.”

Os clássicos do Bairro da Torre

Clássico Bairrense é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Tramways Sport Club, dois clubes de futebol extintos de do bairo da Torre, no Recife, Pernambuco.
Clássico da Paixão é o nome dado ao jogo das antigas equipes Torre Sport Club versus Íris Sport Club ambos do bairro da Torre da cidade do Recife. O jogo recebeu este nome porque o 1° jogo disputado foi numa Sexta Feira da Paixão no Campo do Alagado da Torre.
Clássico Guerreiro é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Israelita Sport Club, clube, também, já extinto.
Clássico dos Maestros é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Santa Maria Athletico Club, clube, também, já extinto.

Títulos

Estaduais
Campeonato Pernambucano: 3 vezes (1926, 1929* e 1930).
Vice-Campeonato Pernambucano: 4 vezes (1924, 1925, 1927 e 1928).
Torneio Início: 2 vezes (1922 e 1929).
*Campeão invicto.

Outras conquistas
Liga Desportiva da Torre: 1911.
Liga Suburbana: 4 vezes (1915, 1919, 1920 e 1921).
Copa Torre: 8 vezes (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942).

Fontes: Sítios Wikipedia e Flápedia, Blog Futebol de Pernambuco em Fotos e Livro História do Futebol em Pernambuco - Givanildo Alves - Edições Bagaço.

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