domingo, 7 de fevereiro de 2010

Memória do Futebol Pernambucano - Tramways - O Furacão elétrico


O Tramways, time sustentado pela então companhia elétrica e de transportes do Recife, passou sem pedir licença. Como um furacão, causou estragos aos adversários nos sete anos em que esteve na elite do futebol local. Mantém até hoje uma exclusividade: é bicampeão invicto do Campeonato Pernambucano. Mas desapareceu da mesma forma, rapidamente.

Despachando no escritório central, que ficava na esquina da Rua Aurora com a Princesa Isabel, Domingos, Furlan e Rubinho. Na seção de energia, o ponteiro Olívio. O goleiro Zé Miguel ficava até altas horas da noite como chefe de quarto do departamento de luz. Sopinha, Guaberinha, Paisinho e Faustino exerciam outras funções na empresa. O entrosamento na inglesa Pernambuco Tramways and Power Company Limited, que foi concessionária dos serviços elétricos e de bondes do Estado durante 50 anos (até 1962), deu origem ao primeiro, e até hoje único, bicampeão invicto da história do Campeonato Pernambucano.

No biênio 1936/37, foi o Tramways Sport Club quem deu as cartas no certame local. O tricolor transviário – vestia branco, azul e vermelho –, não perdeu uma partida sequer nesses dois anos em que derrubou o trio de ferro Sport, Náutico, Santa Cruz, além do América, que na época, ainda tinha muito prestígio. Como o próprio nome indicava, o Tramways era patrocinado pela empresa inglesa, que foi responsável pela transição dos bondes puxados por burros para os elétricos, na primeira metade do século 20. Daí, a equipe de futebol também ser conhecida como os “elétricos”.


NÃO SE SABE A SEQUENCIA. ZÉ MIGUEL, DOMINGOS, JORGE, ZEZÉ, FURLAN,FAUTINO, ALCIDES, BERMUDES, SOPINHA, QUETRECO, e OLIVIO.
Campeão pernambucano de 1936.

De uma certa forma, pode-de dizer que o Tramways foi o primeiro clube-empresa do futebol brasileiro. Brincadeiras à parte, a relação era bem curiosa. Na época, o profissionalismo ainda não tinha se consolidado em Pernambuco. A maioria dos “pebolistas” ainda não tinha contrato e não recebia dinheiro para jogar futebol. Mas no caso dos elétricos, a situação era um pouco diferente. “Muitos jogadores jogavam pelo Tramways em troca de emprego na empresa. Era uma espécie de amadorismo marrom, já que os atletas tinham sim salário, não pelo futebol, mas pelas funções que exerciam na companhia inglesa”, destaca o cardiologista e escritor Rostand Paraíso, que em 1997, lançou o livro Esses Ingleses, no qual comenta a presença e a influência inglesa no Recife.

Muitos dos jogadores que vestiram a camisa do Tramways também atuavam em times de bairros, na Liga Suburbana, que era muito forte na época. Casos de Zé Miguel, Olívio, Paisinho e Quetreco. Mas para ser bicampeão estadual foi preciso também tirar do Santa Cruz Zezé, Júlio Fernandes e Alcides Cachorrinho, que marcou 56 gols pelo Tramways em Pernambucanos, tornando-se o maior artilheiro da equipe na história da competição. Com dinheiro de sobra, o técnico Joaquim Loureiro veio de São Paulo para armar a equipe.

Os elétricos disputaram sete estaduais, de 1935 a 41. O primeiro título, em 1936, foi tumultuado. Mesmo ainda faltando 16 partidas para o fim da competição, os clubes e a Federação Pernambucana de Desportos resolveram encerrar o certame. Com sete pontos a mais do que Náutico e Santa Cruz, o Tramways foi declarado campeão. Sua última partida foi contra o Sport, o qual derrotou por 3x2, com dois gols de Sopinha e um de Olívio. Foram 11 vitórias e dois empates.


O TIME FOI CAMPEÃO PERNAMBUCANO EM 1937 VENCENDO O SPORT POR 5X2,
ERA FORMADO POR: ZÉ MIGUEL, DOMINGOS E ERNESTO; GUABERINHA, PAIZINHO E FURLAN;ALCIDES, OMAR, NAVARRA (SOPINHA), QUETRECO E OLÍVIO.

Mesmo com a campanha muito superior a dos rivais, ainda ficou a dúvida se o time teria fôlego para se manter na ponta, caso a competição seguisse até o final. Por isso, no ano seguinte, os transviários fizeram uma campanha ainda mais arrebatadora, para dizimar quaisquer dúvidas: 14 vitórias e apenas um empate. Sessenta e quatro gols marcados e 16 levados. A prova da superioridade do Tramways foi a goleada aplicada no Sport, por 5x2, no jogo que ratificou o título. Olívio, Navarra, Alcides, Quetreco e Sopinha marcaram os tentos dos elétricos.

Até 1941, quando disputou o seu último Estadual, o Tramways seguiu fazendo um papel digno. O fim da equipe foi assim explicado por Haroldo Praça, em seu livro O Gôl de Haroldo, de 2001. “Não obstante reunir bons jogadores e armar equipes destacadas, o ‘elétrico’ foi vitimado por moléstia incurável: clube de dono (Antônio Rodrigues de Souza, diretor da empresa britânica, responsável pelo investimento na montagem dos times de 1936/37). E aí começou a entrar para a história mais uma aparição brilhante efêmera.”


Gol do Tramways no Campo do Prado em Fortaleza, durante excursão à Fortaleza em 1941.

Bermudes: argentino muy boêmio, mas bom de bola

Na trajetória do primeiro título estadual do Tramways, em 1936, um jogador merece um capítulo à parte. Dono de um potente chute, de causar medo nos goleiros, como diziam os jornais pernambucanos da época, o argentino Bermudes foi um dos pilares da inédita conquista do grêmio transviário. Tanto que acabou se transferindo para o Náutico, onde integrou o time que foi campeão pernambucano em 1939, o segundo da história alvirrubra, ao lado dos Carvalheira: Fernando, Zezé e Emídio.

Em 13 jogos pelo Tramways no Estadual de 36, o meia-direita Bermudes fez 19 gols, cravando o seu nome na galeria dos artilheiros do Campeonato Pernambucano. Náutico, Sport e Santa Cruz sofreram nas mãos, ou melhor, nos pés do gringo, que balançou a rede do trio de ferro. O Torre, principal rival do Tramways, era sua vítima favorita. Na goleada por 8x4 sobre o Madeira Rubra, Bermudes fez a metade dos gols dos transviários.

Ao todo, juntando os Estaduais de 1935 e 36, Bermudes marcou 32 gols pelo Tramways – terceiro maior goleador da equipe no Pernambucano, atrás de Alcides Cachorrinho (56 gols) e Olívio (46). O sucesso nos elétricos fez com que o Náutico o contratasse. No Timbu, ele foi novamente campeão pernambucano, em 1939.

Companheiro de Bermudes nessa conquista, o goleiro Djalma, 90 anos, lembra com muita saudade do amigo. “Bermudes era formidável, um grande amigo. Dançava muito bem tango. Um dia, chegou a notícia de que ele havia morrido. Pedi licença a Cabelli (Umberto, técnico uruguaio, que comandava o Náutico) e fui para a pensão onde ele morava. Chegando lá, o encontrei no chão, envolto a cigarros e bebida, mas estava vivo. Então, entrei em contato com a família dele, e o seu pai mandou dinheiro para mandá-lo de volta a Buenos Aires”, relata.

Nos anos 50, o ex-arqueiro alvirrubro foi à capital argentina somente para rever o amigo. “Em 1953, nos encontramos em Buenos Aires. Ele estava trabalhando como locutor de rádio. Foi a última vez que nos vimos”, relembra Djalma, que soube da morte do amigo anos depois, através de uma carta enviada pelo esposa do argentino, Helena.

Pelo Náutico, Bermudes anotou 12 gols pelo Estadual de 39. No ano seguinte, porém, anotou apenas dois, ambos em amistosos.

Fonte: Jornal do Comércio/PE, Futebol de Pernambuco em Fotos e Blog do Roberto.zip.net

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Memória do Futebol Pernambucano - 1937, estréia do Central.



O Central disputou pela primeira vez o Campeonato Pernambucano em 1937, mas não participou no ano seguinte. O comendador José Victor de Albuquerque, uma espécie de mecenas do clube caruaruense, achou que a Patativa era muito prejudicada pelas arbitragens, e tirou o time. Literalmente.

Os resultados dos centralinos, ou centralistas, foram : 1º turno: Central 1 x 2 Flamengo, Santa Cruz 4 x 3 Central, Central 2 x 5 Tramways, Great Western 4 x 7 Central, América 1 x 2 Central, Central 3 x 3 Íris, Náutico 2 x 1 Central, Sport 4 x 2 Central. 2º turno: Central 5 x 2 América, Íris 0 x 6 Central, Great Western 1 x 5 Central, Central 3 x 2 Flamengo, Central 1 x 3 Náutico, Sport WO Central, Central 3 x 4 Santa Cruz. Em 15 jogos foram 6 vitórias, 1 empate e 7 derrotas, e um jogo perdido por WO.

Destes times já não existem o Flamengo e o Tramways. O Great Western transformou-se em Clube Ferroviário do Recife.



Na foto acima, a equipe do Central no Campeonato Pernambucano de 1937. Da esquerda para a direita: Pedro, Alemão, Joaquim, Mário Matos, Zé de Nane, Heleno, Trajano, Edmilson, Tutu, Zuza, Otoniel e Zago. Técnico, Jaime Guimarães.

Fonte: Sítio No pé da conversa (Lenivaldo Aragão)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Memória do Futebol Pernambucano - Torre



Torre Sport Club foi um clube brasileiro de futebol fundado no bairro da Torre, da cidade de Recife, no estado de Pernambuco. Era o time do governador Estácio Coimbra.

Um jogo com o Flamengo/RJ em 1925

No ano de 1925, o Torre que havia sido vice-campeão estadual no ano anterior organizou um certame chamado Troféu Torre Sport Club que seria disputado em uma única partida contra o Flamengo. Vencendo a disputa por três tentos á um com dois gols de Junqueira, o scratch do Flamengo/RJ levantou aquela taça.


Um pouco do campeonato de 1926

O ambiente esportivo voltou a ficar agitado no início de 1926. Os presidentes do Sport, América e Peres, respectivamente, Roberto Rabello, José Fernandes Filho e João Duarte Dias, comunicam ao público desportivo brasileiro, em manifesto publicado pelos jornais, terem se desfiliado da Liga Pernambucana de Desportos Terrestres e fundado a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos.
No documento, os dissidentes denunciavam a existência de um plano, entre Santa Cruz, Náutico, Flamengo e Torre, com a participação do presidente da Liga, Cícero Brasileiro de Melo (recentemente eleito), para colocá-los à margem da política interna da entidade, o que ficara provado nas eleições, pois, enquanto quatro clubes denunciados tiveram, cada um, dois diretores na composição da nova diretória, nos tivemos apenas um representante cada, e o Peres nem isso mesmo tivera.
Pelo Jornal do Commercio, edição de 1º janeiro, a LPDT publicou nota oficial, dando sua versão sobre a cisão havida.Explicava a nota que tudo fora feito para evitar a crise, conseqüência funesta, enfatizava, da paixão extremada do clubismo e o desejo infortunado da prepotência de certos elementos no seio de uma coletividade determinante. Acrescentava ainda que Sport e América, depois de haverem lançado mão de todos os processos para obterem maioria no novo corpo dirigente, processos ínvios e, às vezes, nefastos, declararam, solenemente, no dia da eleição, conforme constava da ata,que seus clubes não aceitariam nenhum cargo eletivo de modo peremptório. Quanto ao Peres, ironizava a LPDT, é um clube em situação irregularíssima, sem sede, sem time, tecnicamente incapaz, que não sofreu admoestação da Liga em sua agonia lenta de dois anos cujo sopro de vida no Conselho apenas existia,mercê do oxigênio que lhe soprava o Sport para dar-se ao luxo de ter um representante em duplicata.
Apesar da interferência de várias figuras de projeção, inclusive do Governo, na tentativa de uma solução para a crise, nenhuma das partes se afastou da decisão tomada. Maior a nau, maior a tormenta, comentava-se. Paralelamente aos jogos do campeonato da Liga, a Associação Pemambucana de Esportes Atléticos também programou seus jogos com times suburbanos, dividindo o público. Quando acabou a briga, que durou seis meses, o certame já estava no turno final, mas mesmo assim Sport e América dele participaram, embora soubessem não haver mais chances para a conquista do título. Fiel à causa, o Peres não voltou, e seu presidente, João Duarte Dias, declarou pelos jomais que tinha sido traído.


Campeão Pernambucano de 1926. O time era formado com Valença, Filuca e Pedro Barreto; Aquino, Hermes e Dantas;Osvaldo, Piaba, Péricles,
Antonio e Chiquinho.


O Torre beneficiado é o campeão

Quem terminou sendo beneficiado com as ausências dos rubro-negros e alviverdes, favoritos ao título, foi o Torre. O chamado madeira rubra terminou conquistando o campeonato de 1926, o primeiro da sua existência, a 2 de janeiro de 1927, nos Aflitos, derrotando o América por 2 a O, gols de Péricles e Piaba. O árbitro foi o dirigente tricolor, Carlos Rios, arranjado de última hora, uma vez que o escalado, Renato Silveira, também dirigente (Sport), não compareceu.
Time campeão - Valença, Aquino e Pedro Barreto; Arnaldo, Hermes e Dantas; Osvaldo, Piaba, Péricles, Policarpo e Galvão.
O madeira rubra, fundado a 13 de maio de 1909, interrompia um predomínio de 10 anos de Sport e América, únicos campeões pernambucanos, desde 1916. Embora se dissesse que o Torre não teve méritos na conquista do título, verdade é que o clube de José da Silva Loyo armara um bom time. Seu primeiro grande passo foi tirar do Sport Club do Recife um dos melhores atacantes da Região, o artilheiro Péricles.


VALENÇA, HERMES, MIRO, LELECO, FAUTINO, COSTA, AGNELO, PIABA, MATURANO, LETONA, e ALDO
Torre campeão pernambucano de 1929


O campeonato invicto

Se no ano de 1926 houve questionamentos acerca do campenato conquistado pelo Torre, em 1929, o madeira rubra não deixou dúvidas, conquistou o título de forma invicta, tendo derrotado Santa Cruz, Náutico, América e empatado por duas vezes com o Sport. O campeonato fora disputado por oito equipes em sistema de pontos corridos com jogos de ida e volta.

A revolução de 1930

A revolução que depôs o presidente Washington Luiz colocou Getulio Vargas no poder e deixou o Recife em polvorosa. O governador Estácio Coimbra teve que fugir para não ser preso e Carlos de Lima Cavalcanti, seu opositor, ligado aos revolucionários, assumiu o Governo de Pernambuco.
Paralisado o campeonato e não havendo condições de sua continuidade, que ia sendo liderado pelo Torre, Renato Silveira, presidente da LPDT, resolveu convocar uma assembléia geral para dar por encerrado o certame. A reunião aconteceu na noite de 12de dezembro, sendo assinado pelos representantes dos times disputantes, exceto Torre e Encruzilhada, o seguinte documento:

“Os abaixo firmados, representantes dos clubes filiados, Sport, América, Náutico, Íris, e Santa Cruz, reunidos aos 12 dias do mês de outubro de 1930, sob a presidência do Sr. Renato Silveira, presidente da LPDT, atendendo às circunstâncias especiais criadas pelos acontecimentos imprevistos que sacudiram o País, anormalizando a vida esportiva do Estado e tornando materialmente impraticável o prosseguimento do campeonato de 1930, resolveram acordar que seja o mesmo campeonato encerrado, considerando-se vencedores do campeonato deste ano os quadros dos clubes colocados em primeiro lugar na contagem dos pontos dos jogos já aprovados, sugerindo-se à diretoria da Liga instituir prêmios especiais para os citados vencedores. O Torre estava assim proclamado campeão de 1930.”

Os clássicos do Bairro da Torre

Clássico Bairrense é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Tramways Sport Club, dois clubes de futebol extintos de do bairo da Torre, no Recife, Pernambuco.
Clássico da Paixão é o nome dado ao jogo das antigas equipes Torre Sport Club versus Íris Sport Club ambos do bairro da Torre da cidade do Recife. O jogo recebeu este nome porque o 1° jogo disputado foi numa Sexta Feira da Paixão no Campo do Alagado da Torre.
Clássico Guerreiro é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Israelita Sport Club, clube, também, já extinto.
Clássico dos Maestros é o nome do clássico entre Torre Sport Club e Santa Maria Athletico Club, clube, também, já extinto.

Títulos

Estaduais
Campeonato Pernambucano: 3 vezes (1926, 1929* e 1930).
Vice-Campeonato Pernambucano: 4 vezes (1924, 1925, 1927 e 1928).
Torneio Início: 2 vezes (1922 e 1929).
*Campeão invicto.

Outras conquistas
Liga Desportiva da Torre: 1911.
Liga Suburbana: 4 vezes (1915, 1919, 1920 e 1921).
Copa Torre: 8 vezes (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942).

Fontes: Sítios Wikipedia e Flápedia, Blog Futebol de Pernambuco em Fotos e Livro História do Futebol em Pernambuco - Givanildo Alves - Edições Bagaço.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Memória do Futebol Pernambucano - Íris, o vice em 1932



O Íris foi fundado no dia 23 de fevereiro de 1920, por funcionarios da fábrica de tijolos do bairro da Torre, em Recife. Inicialmente, o clube iria se chamar Olaria Sport Club por causa da olaria (torre que são feitos os tijolos) que se encontra no centro do bairro e deu o nome ao lugar. Porém, em uma reunião entre funcionários, decidiram mudar o nome para Íris em relação da cor do time o azul e branco.

Mascote : Periquito azul

Conquistas

Estadual
Vice-Campeonato Pernambucano: 1932.

Outras conquistas
Liga Suburbana: 1928.
Copa Torre: 3 vezes (1925, 1931 e 1933).


Time do Íris em 1934, não dispomos da escalação

O vice campeonato do Íris e um pouco do futebol pernambucano em 1932

Em 1932, o Campeonato Pernambucano foi dividido em duas chaves, azul e branca. A branca era formada pela Associação Atlética do Arruda*, Encruzilhada*, Íris*, Náutico, Sport e Torre*; na azul estavam América, Great Western (hoje Ferroviário), Flamengo*, Fluminense*, Israelita* e Santa Cruz. Cada time enfrentava as equipes da sua chave.
Ao longo do certame, um resultado inesperado: Flamengo 10 x 3 América – o alviverde ainda era considerado um time grande. O Sport, que realizou uma má campanha, também surpreendeu ao aplicar duas goleadas no Náutico: 5 x 1 e 5 x 2. Esse mesmo Sport foi derrotado pelo Torre por 6 x 4. Por sua vez, o Madeira Rubra, como o Torre era conhecido, levou uma goleada do Náutico, de 7 x 1.
O Náutico perdeu para o Íris por 5 x 1, mas vingou-se, derrotando-o por 6 x 1. Houve ainda um 8 x 0 do Santa no Israelita, que também foi goleado pelo América por 9 x 1. E no Fla-Flu pernambucano, o Flamengo, do tenente Colares, uma figura marcante e folclórica, goleou o Fluminense por 7 x 0. Era a época do jogo franco e aberto, sem o apego defensivo que se vê atualmente.

Pereirão apela

Houve um episódio curioso e ao mesmo tempo deprimente, na partida Santa Cruz 4 x 1 América, em 19 de junho. O tricolor vencia por 2 x 1, e o jogo estava equilibrado. O juiz Ambrósio do Rego Barros marcou um pênalti contra o América, cometido pelo zagueiro Palmeira – mais tarde árbitro e treinador – em Marcionilo. Pereirão, goleiro alviverde, inconformado, protestou e fez sua equipe sair de campo. A diretoria americana contornou o problema, com o retorno do time.
A decisão do árbitro foi mantida e, na cobrança, Pereirão deitou-se ao longo da barra, em flagrante desrespeito ao público e à arbitragem, num gesto que seria inconcebível hoje, no nível que o futebol profissional atingiu. Naquela época, porém, o semi-amadorismo ainda predominava. Apesar da atitude antiética do goleiro, Marcionilo converteu o pênalti, fazendo Santa Cruz 3 x 1 América. Minutos depois, Tará chuta de longe e Pereirão, que estava mesmo para avacalhar, dá as costas para o atacante. O jogo não chegou ao fim, o que era comum naquela época, principalmente por causa da iluminação elétrica nos estádios. Bastava escurecer para tornar-se impraticável a continuação do jogo. Valeu o placar de 4 x 1 para o Santa.

Da bola para a bala

Com o surgimento da Revolução Constituinte, em São Paulo, alguns jogadores militares de Pernambuco deslocaram-se ao Sudeste para defender o País contra os paulistas, que, segundo seus opositores, queriam se separar do território nacional, tornando-se independentes. Assim, o campeonato foi interrompido.
Então, de vários Estados partiram forças militares. Entre os militares pernambucanos que se deslocaram para o território conflagrado estavam os jogadores Tará, Dóia e Neves, que serviam à Brigada Militar, e defendiam o Santa Cruz. Como voluntários apresentaram-se, entre outros, Clóvis Wanderley, Durval Carneiro Leão e Manoel Luiz de Bulhões Marques. Este, ponta-direita do Sport, teve um fim trágico, morrendo em meio a uma rajada de metralhadora, em 28 de agosto. Clóvis Wanderley também pereceu, tendo surgido a notícia de que o mesmo acontecera com Durval, o que mais tarde seria provado não ser verdade. Na época, os mortos receberam as devidas homenagens póstumas do seu clube, e hoje, pelo menos Bulhões Marques é nome de rua no central bairro da Boa Vista. Ainda estiveram na trincheira, os jogadores Temístocles, do Ateniense, e Agnello, do Great Western, também militares.

Náutico e Sport longe do Santa

Finalmente, a bola voltou a rolar, e na chave do Náutico e do Sport, quem se classificou para disputar o título de campeão do ano foi o Íris. Do outro lado, deu Santa Cruz, que chegou à melhor de três sem ter tido necessidade de enfrentar alvirrubros e rubro-negros, seus tradicionais adversários.
Em ambos os jogos, em 15 e 22 de novembro, o Santa Cruz venceu pelo mesmo placar, 4 x 1. Como já tinha levantado o certame anterior – seu primeiro título – tornou-se bicampeão. Os dois jogos foram disputados no campo da Avenida Malaquias, mais ou menos onde está hoje a AABB. As duas partidas foram dirigidas por José Fernandes Filho, conhecido por Zezé, que nada tinha a ver com o jogador Zezé Fernandes, do Tricolor.
No primeiro jogo, os gols foram de Estevam (2), Marcionilo e Carlos Benning – Santa Cruz, e Guerra – Íris. No segundo marcaram Lauro (2), Walfrido e Tará – Santa, e novamente Guerra para o Íris..
O campeão Santa Cruz alinhou: Diógenes; Sherlock e João Martins; Zezé Fernandes, Sebastião e Marcionilo; Walfrido, Estevam, Tará, Lauro e Carlos Benning (Julinho Fernandes).
O Íris foi vice-campeão, com Silvino;Moacyr e Walfrido; Popó, Zé Lima e Ramalho; Benedicto, Guerra, Zeferino, Chinez e Emygdio.

* Clubes que não existem mais

Fontes: Blogs No Pé da Conversa (Lenivaldo Aragão) e Futebol de PE em Fotos: e, Sítio Wikipedia.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Memória do Futebol Pernambucano - 1955: O primeiro Sport x Palmeiras



Por ROBERTO VIEIRA

18 de maio de 1955. Final de tarde no Aeroporto dos Guararapes. A Sociedade Esportiva Palmeiras visita Recife pela primeira vez. Graças aos esforços e patrocínio de Adamir Menezes, primo de Ademir, o Queixada. Adamir que era o supervisor para o Nordeste da Saturnia S/A Acumuladores Elétricos de São Paulo. O Palmeiras é o convidado especial do Torneio Prefeito Djair Brindeiro. Torneio comemorativo do cinquentenário do Sport Club Recife.
Completam o certame, o Náutico e o América-PE.

Tempos de paz*.

Na chegada em solo pernambucano, o dirigente rubro-negro Divaldo Sanguinetti, em discurso, homenageia os visitantes. Chefiando a delegação, o Presidente Bruno Sacomanni agradece a homenagem. Pela Rádio Panamericana, o locutor Salem Junior transmitirá em ondas curtas o evento. Os paulistas chegam desfalcados de elementos importantes. Ficaram em São Paulo, Liminha, Manoelito e Renato.
Também ficou em casa o zagueiro de um milhão de cruzeiros: Valdir, comprado à Ponte Preta.
Em compensação, o Palmeiras trazia Valdemar Fiúme, Jair Rosa Pinto e Humberto Tozzi.
Pra que mais?
A tabela reservou Sport x Palmeiras para a rodada final.
Antes do jogo, o Palmeiras venceu o Náutico por 3 x 1 e o América por 1 x 0.
O Sport goleou o Náutico por 5 x 2, mas empatou em 1 x 1 com o clube da Estrada do Arraial.
Basta o empate para assegurar o título ao tríplice coroado do futebol bandeirante.

25 de maio de 1955. Chuva forte na Ilha do Retiro.

O Sport de Gentil Cardoso alinha Carijó; Moreira, Pedro Matos, Miguel e Pinheirense; Wilson e Gringo; Celly, Carlinhos, Soca e Eliezer.
O Palmeiras do técnico Ventura Cambom forma com Laércio; Nilo e Mário; Nicolau, Valdemar e Gérsio; Elzo, Humberto, Ney, Jair e Rodrigues.
O primeiro tempo é jogado com cautela. As defesas prevalecem. Poucos lances de perigo. Até que aos 37 minutos, a torcida emudece. Falta na entrada da área.
Adivinha quem vai bater? Jair Rosa Pinto desfere um petardo tão ao seu estilo. Carijó voa por desencargo de consciência. Palmeiras 1 x 0. Porém, a festa palestrina durou pouco. Dois minutos depois, Eliézer recebe livre e toca no canto de Laércio: 1 x 1.
Festa na Ilha. Mas um jogo de futebol tem 90 minutos. Aos 15' da etapa derradeira, Ney toca para Ivan que descobre Rodrigues livre. No segundo seguinte a pelota chega ao artilheiro Humberto Tozzi. Bola com Tozzi já tem endereço certo: Palmeiras 2 x 1.
Celly é substituído por Traçaia. Na primeira jogada, Traçaia dribla dois palmeirenses e é tocado por Valdemar perto da risca de grande área. Foi pênalti, não foi pênalti?
O árbitro Pedro Calil achou que não foi.
Palmeiras campeão do Quadrangular.
Ao contrário dos dias de hoje, Sport e Palmeiras se abraçaram no final do confronto.
A Sociedade Esportiva Palmeiras levou o troféu. E voltou correndo para São Paulo. Tinha jogo contra a Lusa pelo Rio-São Paulo. O Sport? O Sport aguardava a chegada do próximo convidado da festa: O Corinthians de Gilmar.
Mas aí já é outra história...

*Em tempo: O almoço desta terça-feira, no Campo das Princesas, entre o Presidente Sílvio Guimarães do Sport e Luiz Gonzaga Belluzo do Palmeiras, é um sinal de civilidade. Digno dos anos 50...

Fonte: Sítio No Pé da Conversa - Lenivaldo Aragão e Blog Futebol de Pernmabuco em Fotos

sábado, 19 de julho de 2008

Memória do futebol pernambucano – Sport Club Flamengo


História:

O Sport Club Flamengo foi um clube de futebol brasileiro, da cidade do Recife-PE.
Seu maior feito foi conquistar o primeiro título de campeão pernambucano de futebol em 1915.

O Sport Club Flamengo, primeiro campeão de futebol, foi fundado a 20 abril de 1914, e seu padrão era calção branco, camisa preta, com uma cruz branca no peito esquerdo, resquício do antigo Cruz Branca do qual se originou. Seu nome resultou da simpatia dos seus associados ao Flamengo do Rio de Janeiro, que naquele ano tinha sido campeão carioca. Depois, o Flamengo tirou a cruz branca do peito, mas continuou alvinegro.
O primeiro campeonato promovido pela Liga Sportiva Pernambucana foi disputado por seis clubes ­Santa Cruz, Torre, João de Barros (depois América), Centro Sportivo do Peres, Coligação Sportiva Recifense e Sport Club Flamengo. O jogo de abertura foi entre as equipes do Santa Cruz e Coligação Sportiva Recifense, no dia 1 º de agosto de 1915, na Campina do Derby. A vitória foi do Santa Cruz por 1x0, gol de Mário Rodrigues.
Ao fim do primeiro turno, como Santa Cruz, Torre e Flamengo, os reais candidatos ao título, estivessem empatados na tabela, o presidente da Liga, Tenente Henrique Jacques, resolveu não mais realizar o segundo turno e determinou uma série de partidas extras entre os três, a fim de que fosse logo conhecido o campeão de 1915.
Estabeleceu, ainda, a cobrança de ingressos, betl1 como a transferência dos jogos da Campina do Derby para o campo do British Club, que era todo murado. Revoltados, os torcedores encaminharam cartas aos jornais, protestando contra a medida. Argumentavam que, além do ingresso, teriam de pagar, também, a passagem do bonde para ir e voltar, uma vez que o campo do British ficava muito afastado do centro da cidade.
As críticas não fizeram Henrique Jacques recuar e os ingressos foram colocados à venda aos seguintes preços:
Senhoras e crianças de menos de 12 anos, 500 réis; cavalheiros, 1 mil réis;cadeira para cavalheiros, 2 mil réis e cadeiras para senhoras, 1 mil réis.
Apesar da grita, no domingo 28 de novembro, logo nas primeiras horas da tarde, o British Club apresentava um movimento desusado. Todas as dependências estavam tomadas pela massa, na sua grande maioria torcedora do Santa Cruz. Incentivado pelo grande público, o Santa Cruz deu um show de bola, saindo do campo ovacionado pela multidão, satisfeita com a goleada de 5x0, imposta ao Torre. O meia Alberto Campos marcou 3 gols, enquanto Dória e Pitota completaram os 5xO.
O juiz foi o inglês Mr. Foster e as equipes alinharam desta forma: Santa Cruz, Ilo Just, Bibi e Crócia; Luiz Lima, Carvalho e Manoel; Jorge, Alberto Campos, Pitota, Mário e Dória. Torre - Mário Pinto, Zé Luiz e Antunes;. Reis, Austragésilo e Barroso; Barreto, Álano, Manoel Lopes, Gátis e Cleto.
Como favorito e considerado pela imprensa como provável campeão do ano, o Santa Cruz voltou ao campo no dia 5 de dezembro para enfrentar o poderoso time do Flamengo, que até um inglês tinha, o atacante Percy Fellows. Novamente casa cheia. Os meninos do Santa Cruz, desta vez, porém, não acertaram o pé. Nos primeiros minutos, chegou-se a pensar que o Santa Cruz partiria para outra goleada, pois foi quem abriu o escore, num gol de Pitota. O Flamengo que tinha de fato um time forte, reagiu e logo empatou. Antes de terminar o primeiro tempo, o placar já lhe era favorável por 3xl. No quarto gol, o jogo passou a ficar violento, obrigando o arbitro a expulsar Luiz Lima, do Santa Cruz, e Lelis do Flamengo. Mr. Foster tinha fama de referee competente e imparcial, como acabara de demonstrar botando para fora de campo seu próprio cunhado, Luiz Lima. Quando a partida acabou, não havia mais quase ninguém em campo. Os meninos do Santa Cruz tinham perdido de 6x2, e também a chance de se tornarem primeiros campeões pernambucanos de futebol.
A derrota do Santa Cruz consternou quase toda a cidade. Tanto que os jornais não se interessaram mais em destacar a terceira partida. O Jornal Pequeno ainda chegou a incentivar o Santa Cruz, mostrando a hipótese de que, se o Flamengo perdesse do Torre, todos estariam iguais mais uma vez. Só na véspera do encontro, sábado 11 de dezembro, foi que os jornais noticiaram: Amanhã, poderá ser conhecido o campeão de 1915..
Com o mesmo time que havia derrotado os meninos, inclusive com o ágil Armando Lelis na equipe, o Flamengo enfrentou o Torre, que lutou desesperadamente para apagar a má impressão deixada na última partida, mas nada conseguiu. O Flamengo ganhou relativamente fácil de 3.x l, conquistando o título de Primeiro Campeão Pernambucano de Futebol.

Flamengo: Luiz, Alves e Albuquerque; Frederico, Ruy e Abdon; Waldemar, Gastão, Taylor, Percy Fellows e Lelis.

Torre - Lopes, Antunes e Austragésilo; Barros, Mario Pinto e Luiz; Barreto, Cleto, Alvaro, Gatis e Sidnei.


LUIZ CAVALCANTE, ALBUQUERQUE, FRANCISCO ALVES, FREDERICO, RUY,
ABDON, FARIAS, PERCY, TAYLOR, GASTÃO E WALDEMAR.
Flamengo do Recife, o primeiro campeão pernambucano (1915)

“Encerrou-se anteontem, com a vitória do Sport Club Flamengo contra o Torre Sport Club, o campeonato da Liga Sportiva Pernambucana, instituído para o football. Depois de uma série de matchs emocionantes, que trouxeram em constante delírio o público esportivo do Recife, teve o Flamengo coroado os seus esforços e firmada a sua força dentre os seus dignos adversários nas lutas pacíficas do esporte. O Flamengo do Recife quis ser o êmulo do seu congênere do Rio, e vencendo a tática do Santa Cruz e a tenacidade do Torre, soube guardar para si os louros da vitória - e as “louras medalhas.”
Nota do Diário de Pernambuco, em sua edição de 14 de dezembro de 1915.

O advento do profissionalismo foi cruel para o Flamengo, que deixou de ser aquele time temido dos anos 20. Como era ardoroso defensor do amadorismo perdeu muitos de seus jogadores para os times profissionais. Os patativas (como eram conhecidos) caíram na vala comum dos times pequenos e tiveram um fim melancólico, chegando em 1938 a perder para o Sport por 16 a 0, e em 1945 por 23 a 2 para o Náutico.


Time do Flamanego em 1926

Fonte: Blog Futebol de Pernambuco em Fotos

Livro História do Futebol em Pernambuco - Givanildo Alves

terça-feira, 1 de julho de 2008

Memória do futebol pernambucano - América Recife

América Futebol Clube (Recife) - Mequinha, Glorioso, Alvi-verde



América Futebol Clube é um clube brasileiro de futebol, da cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco. Sua sede histórica ficava localizada na estrada do Arraial no tradicional bairro de Casa Amarela, zona norte da cidade.

História


Foto dos fundadores do América

O América foi fundado em 12 de abril de 1914 com o nome de João de Barros Futebol Clube, por ter surgido numa casa situada na avenida do mesmo nome. Quase foi o primeiro penta-campeão do futebol pernambucano.
Em 22 de agosto de 1915 passou a ter a denominação atual a pedido do desportista Belfort Duarte, ligado ao América do Rio de Janeiro, que viera ao Recife buscar apoio para a fundação da Federação Nacional de Esportes, antecessora da antiga CBD.
Em visita a Pernambuco em agosto de 1915, Belfort Duarte, um dos símbolos do futebol brasileiro, recebeu uma homenagem do JBFC. Na noite de 22 de agosto, Belfort Duarte foi distinguido como capitão honorário do clube e mudou o nome do clube para América Futebol Clube, em homenagem ao seu clube de coração: o América Football Club do Rio de Janeiro.

“Comunico-vos que em Assembléia Geral do João de Barros Futebol Clube, reunida no dia 22 de agosto de 1915 deliberou a mudança de nome daquela sociedade que ficou denominada "América Futebol Clube", convicto que esta deliberação em nada mudará as atenções dispensadas ao nosso antigo JBFC e espero a continuação das mesmas ao América Futebol Clube.

Carta de Belfort Duarte enviada a imprensa.”


Títulos


Troféu Nordeste: 1923

Estaduais

Campeonato Pernambucano: 6 vezes (1918, 1919, 1921, 1922, 1927 e 1944).
Vice-Campeonato Pernambucano: 9 vezes (1923, 1924, 1930, 1941, 1945, 1947, 1948, 1950 e 1952).
Torneio Início: 11 vezes (1921, 1930, 1931, 1934, 1936, 1938, 1941, 1943, 1955, 1967 e 1970).
Taça Recife: 1975.

Ídolos:

Alberto Salonni: jogou pelo América em 1932
Vavá: jogou pelo América em 1948, mas sem muito destaque logo se transferiu para o Íbis Sport Club e Sport Club do Recife, jogou na seleção brasileira.
Zé Tasso: jogou pelo América de 1918 a 1923
Dequinha: participou da Copa do Mundo de 1950.
Oséias: campeão da ultima conquista do América pelo pernambucano em 1944.

Torcedores ilustres:

João Cabral de Melo Neto (escritor)
Rubem Moreira (Rubão): ex-presidente da Federação Pernambucana de Futebol
Alexandre G. Moreira Miranda: ex-presidente do Santa Cruz Futebol Clube e também ex-presidente do América Futebol Clube


América Bicampeão 1919

Curiosidades

- O América já teve a terceira maior torcida do estado, ficando atrás apenas do Santa Cruz e do Sport. Perdeu a posição para o Náutico, seu maior rival. Atualmente não tem um número expressivo de torcedores.
- O América é a quarta força do estado de Pernambuco em se tratando em número de títulos conquistados. Atualmente a quarta força do estado é o Central da cidade de Caruaru que não tem nenhum título pernambucano da 1° divisão.
- O América Futebol Clube, mesmo com tanta tradição na área futebolistica, nunca teve um estádio propriamente dito. Até o inicio dos anos 1990 era comum vê-lo jogando com mando de campo nos estádios dos principais rivais.
- O América já teve outros esportes agregados além do futebol, como o futebol de salão onde conquistou o título da cidade do Recife em 1981 e o título pernambucano de 1985 e o vice campeonato em 1989 e o basquete este sendo vice campeão pernambucano em 1977 e 1978.

A importância do América no futebol pernambucano

As novas gerações não têm idéia da importância do América, em épocas já remotas. Se hoje o futebol pernambucano tem três grandes equipes, até meados dos anos 50 do século passado eram quatro. Tanto que o encontro entre o alviverde e o Náutico era denominado de Clássico da Técnica e da Disciplina.
Os concursos com tampinhas de refrigerantes, como a laranjada Cliper, traziam a foto dos craques do América, junto com os do Náutico, Sport e Santa Cruz.
Velhos americanos atribuem à falta de um estádio, ao contrário de Náutico, Santa Cruz e Sport, um dos motivos de o América ter encolhido através dos anos.
Na verdade, o alviverde não tinha pouso certo. Ora treinava nos Aflitos, ora na Ilha do Retiro – ainda não havia o Arruda – em troca da indicação daquele estádio para os jogos cujo mando lhe pertencia. O campo de Bebinho Salgado, em Apipucos, durante muito tempo acolheu os periquitos, como também eram chamados os americanos.
Em 1981, o alviverde transferiu seu futebol para Jaboatão dos Guararapes, cidade de grande porte geminada ao Recife. Era a tentativa de abrir um novo espaço e atrair o pessoal da terra. Não deu certo. Voltou para a Estrada do Arraial. Mais tarde houve outra mudança para Jaboatão. Mais frustração.
De uns anos para cá, depois que a Federação Pernambucana de Futebol, visando a evitar troca de favores, determinou que é necessário que o clube inscrito no campeonato indique um estádio para mandar seus jogos, que não seja o de qualquer um dos demais concorrentes, o América, a exemplo de um Íbis ou de um Decisão, recém-fundado, começou a andar de um canto para outro. Esteve em Bonito e Goiana, sempre contando com a ajuda, que não era lá essas coisas, do município.
Hoje, batalhando para voltar à elite, o Campeão do Centenário terá seu sonho adiado. Estava inscrito na Série A2, a segunda divisão pernambucana, para disputar o campeonato de 2007, mas tirou o time, literalmente. Levaria seus jogos para Goiana – 50 quilômetros do Recife, na Zona da Mata Norte -, onde já esteve no ano passado. Alegando falta de apoio da prefeitura, pediu afastamento do campeonato. Só que, de acordo com o regimento da FPF terá que voltar dentro de dois anos, sob pena de ser desfiliado.
Concorrente de peso ao título de campeão, o América lutava de igual para igual com alvirrubros, tricolores e rubro-negros, bem como com clubes já extintos – Torre, Flamengo e Tramways. Sua decadência coincidiu com o surgimento do Náutico, como potência. O clube dos Aflitos, situado relativamente perto do América, começou absorver a criançada da região que ia despertando para o futebol.

O dia em que o América humilhou o Náutico.

A vitória do América sobre o Náutico por 10x1, no dia 28 de abril de 1918,no campo da Ponte d’Uchoa, local de todos os jogos do certame daquele ano,constituiu-se na primeira grande goleada do futebol pernambucano.
Esta partida assinalou a estréia oficial pelo América dos jogadores Alecsi Nuyens e Francisco Bermudes, que pertenciam ao Palmeiras de São Paulo. Eram os dois mais novos sócios do América, como diziam os jornais, mas que na verdade não passavam de profissionais disfarçados.
Alecsi Nuyens, que a imprensa escrevia “Alexi”, era um vigoroso zagueiro central e fora contratado pelo clube alviverde,quando da sua vinda ao Recife em 1917,jogando pelo Palmeiras,a exemplo de Francisco Bermudes, que era centromédio.
Pelo seu físico avantajado, a imprensa local terminou apelidando Bermudes de ”Maxambomba”, em alusão aos trens da “Brazilian Street Railway” um dos meios de transportes da nossa capital nos primeiros anos deste século.
Os dois novos “sócios” do América, pela larga experiência e uma técnica mais apurada, foram os sustentáculos do clube esmeraldino em todo o campeonato. 0 investimento valeu a pena, pois o América acabou ganhando o certame de 1918, seu primeiro título de futebol.
O “Jornal Pequeno” (29.4.1918) contou desta maneira a marcha do placar:

“Os alviverdes estão senhores da situação, e o Náutico pouco a pouco vai cedendo as suas posições até que Monteath, a uns trinta metros de distância faz às 4,8 o 1.° gol dos americanos.
Diversas faltas de ambas as partes são punidas; numa delas, Barbosa Lima chuta, Alexi com um belo heading defende magistralmente a iminência daquele gol, fazendo dirigir-se a bola para Sigismundo, que, passando para a extrema, consegue driblar a Barbosa Lima e fazer às 4,16 o 2.° gol do América.
O alvirrubro a mais e mais vai se entregando. Sigismundo consegue tomar a pelota de Grevy e passá-la a Karl que, atrapalhado por Barbosa Lima, a entrega a Soares. Este estando maL colocado, passa a Monteath que, por estar em impedimento, é punido com um tiro livre.
Mas o domínio do América era um fato. Logo depois Zé Tasso, às 4,21 faz o 3.° gol do seu clube.
Também Karl, aproveita o desânimo da linha náutica, e faz o 4.° gol.
As 4,30, Soares, o único até então da linha que não fizera gol, completa o 5.° ponto de uma bela passagem de Zé Tasso. E com esse escore termina o 1.° tempo.
Na segunda fase do jogo nota-se na fisionomia dos jogadores alvirrubros o cansaço, o desânimo,o esgotamento. O América extraordinariamente mais forte que o seu antagonista ataca rigorosamente o Náutico, conseguindo dentro de 5 minutos três gols: um feito por Sigismundo às 4,59, outro por Zé Tasso, às 5,1 outro às 5,4 por Monteath. Nesse ínterim há uma falta contra o América; batida, Alexi defende com a testa, porém a pelota cai perto dos pés de Ivan, que às 5,8 faz o único ponto para seu clube.
Mas o América não queria empatar com o Sport (21), queria mais, e assim conseguiu ainda dois gols, um feito por Soares, às 5,12 e o último às 5,18 por Zé Tasso”.


A partida foi dirigida por Alcindo Wanderley (Pitota), tendo as equipes jogado da seguinte maneira:
América - Lopes; Ayres Alexi; Rômulo, Bermudes e Robison; Karl, Sigismundo, Zé Tasso, Monteath e Soares.
Náutico - Nelson; Barbosa Lima e Guilherme; Oliveira, Bibi e Grevy; Amarrão, Amarinho, Manoel
Lopes, Ivan e Nadu.

Uma goleada que ficou na história

Uma página inesquecível do América Futebol Clube foi escrita no dia 3 de junho de 1956, quando o alviverde estabeleceu uma histórica vitória pela contagem de 6 x 3 diante do Santa Cruz. Aquele triunfo tornou-se mais importante ainda pelo fato de o goleiro tricolor ser o famoso Barbosa, titular da Seleção Brasileira seis anos antes, na Copa do Mundo disputada no Brasil e levantada pelo Uruguai, com os brasileiros sagrando-se vice-campeões.
Não só os torcedores do América festejaram, mas os adeptos dos outros clubes, com exceção dos tricolores, é claro, uma vez que o América sempre foi o segundo clube do pernambucano.
Na segunda feira, os jornais traziam manchetes enaltecendo a façanha do Campeão do Centenário. “O América arrancou a máscara do Santa Cruz”, dizia um. “Barbosa levou seu clube à derrocada”, afirmava outro. Ainda: “Barbosa em tarde negra” ou “Placar de bola de meia no clássico”.
Por esse último título dá para sentir que o clube da Estrada do Arraial ainda figurava no bloco dos grandes, tanto que seu encontro com o Santa Cruz era tratado como clássico.
Quem foi ao Estádio da Ilha do Retiro naquele domingo, jamais poderia imaginar no que estava para acontecer. O América tinha uma boa equipe, mas se tivesse sido feita uma enquete na Ilha do Retiro, a maioria certamente indicaria a vitória tricolor. O Santa, aliás, formava a base do time que no campeonato seguinte tornar-se-ia supercampeão pernambucano.
Dentro de campo, entretanto, a maioria dos prognósticos foi contrariada e a torcida coral só não linchou Barbosa porque houve uma proteção especial para ele por parte do presidente do clube, o comerciante Boanerges Costa. Este desafiou torcedores armados de pedras e paus ao sair do vestiário em companhia do goleiro, levando-o para seu carro, de onde rumou para qualquer ponto da cidade.
“Vou sair com o homem, para bater nele têm que bater primeiro em mim”, disse Boanerges à turba que se comprimia na frente do vestiário, deixando Barbosa receoso, diante da possibilidade de alguma reação violenta, apesar da advertência feita pelo presidente tricolor, o que, para sua felicidade, não aconteceu.

Gols e impropérios

A vitória do América começou a pintar aos 15 minutos, com um gol assinalado por Dimas, depois de passar por Aldemar, chamado de O Príncipe, por causa da classe que exibia (Anos mais tarde, Aldemar iria defender o Palmeiras, tendo chegado à Seleção Brasileira). Aos 19 minutos, alívio nas gerais, onde se concentrava o grosso da torcida santacruzense: o meia Rubinho empatava o jogo.
A partida mostrava equilíbrio, com o América resistindo às pontadas do Santa Cruz e partindo também para o ataque. Aos 40 minutos, numa de suas tentativas, o alviverde voltou a encontrar o caminho do gol, através do argentino Celly.
No intervalo, entre copos de cerveja ou picolés, torcedores do Santa Cruz, apesar da derrota parcial de 2 x 1, ainda faziam planos de ganhar a partida. As esperanças dos tricolores começaram a se desvanecer, logo aos 7 minutos da segunda fase, com novo gol de Dimas. O chute saiu fraquíssimo, Barbosa ainda chegou a tocar na bola, porém, não evitou que ela fosse aninhar-se no fundo de sua rede.
Calada, já sem ânimo, a galera tricolor acompanhava a movimentação de sua equipe, fustigando um adversário que lhe resistia bravamente. O povão saiu do marasmo em que se encontrava, aos 32 minutos, quando o atacante Otávio, deslocado para a ponta-esquerda, assinalava o segundo gol tricolor.
A geral voltava a se assanhar, e Anísio Campelo, o chefe da torcida, calça branca, camisa tricolor e boné idem, agitava sua enorme bandeira, puxando o coro:

“Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Torcemos com prazer
Queremos a vitória
Nosso lema é vencer
Uah, uah, uah, Santa Cruz.”

Esse entusiasmo cederia lugar novamente à tristeza, três minutos depois, quando o centroavante Macaquinho, aproveitando uma saída em falso de Barbosa, fazia o garoto do placar mexer nos números outra vez: América 4 x 2.
O desespero tomava conta da massa. Os maiores impropérios eram assacados contra Barbosa, que estaria facilitando a vitória americana para forçar sua liberação, posto que dias antes havia pedido rescisão de contrato, uma vez que pretendia voltar para o Rio de Janeiro.
Para aumentar a revolta da torcida tricolor, um minuto depois do gol de Macaquinho, um chute despretensioso de Zezinho, o ponta-direita Zezinho Caixão, vai se aninhar no barbante. Era o América balançando a rede pela quinta vez. Puro bambo, pois a intenção de Zezinho era centrar a bola na área, mas o chute pegou errado. Sorte dele e azar de Barbosa. Mais do que uma goleada, uma tragédia. A torcida do Santa mostrava-se cada vez mais raivosa.
“Não adianta o pessoal brigar e fazer gol lá na frente porque esse moleque tá na gaveta”, dizia um. “É melhor tirá-lo e deixar o time com dez”, propunha outro torcedor, exalando sua revolta. E a esculhambação em cima do goleiro não parava: “Quer voltar pro Rio e tá deixando a bola passar, de propósito”. Ou: “Ele não sai vivo daqui, vou mostrar como age uma de macho de vergonha”.
Isaldo ainda desconta para o Santa, mas Zezinho dá o golpe de misericórdia, assinalando o sexto gol tricolor. Placar final: América 6, Santa Cruz 3.
O América alinhou: Leça; Geroldo e Cido; Claudionor, Rosael e Claudinho; Zezinho, Dimas, Macaquinho, Celly e Gilberto Segundo.
O Santa Cruz foi goleado com: Barbosa; Palito e Guta; Zequinha, Aldemar e Edinho; Jorge de Castro, Wassil, Isaldo, Rubinho e Otávio.

O time campeão do centenário


RÔMULO, JOÃO BATISTA, FAUSTINO, OSCAR, LINDOLPHO, HENRIQUE,
LUIZ SELVA, MANOEL, FERNANDO, FÁBIO, JOSÉ TASSO, ARTUR, CARLOS LAPA e JORGE.
CAMPEÃO PERNAMBUCANO DE 1922

O jogo que deu ao América o singular e invejável título de campeão do centenário, realizado no campo da Jaqueira , a 25 de Novembro de 1922, contra o Sport Recife, teve apenas 8 minutos de duração.O curto período era para completar os 45 minutos do 2°tempo da partida que haviam feito na abertura do certame e que fora suspenso por falta de iluminação.Na oportunidade o América vencia por 2x1.
A partida de 8 minutos se revestiu de circunstância especial pelo seguinte motivo: o alviverde acabou o campeonato somando 10 pontos positivos e 2 negativos,enquanto o Sport terminou com 11 ganhos e 1 perdido. Na soma de ambos, não estava computado o jogo interrompido. Se, nos 8 minutos, o placar se mantivesse inalterado, prevaleceria o escore da partida suspensa ficando o America consequentemente com 12 pontos. Se, porém, o Sport marcasse 1 gol, a partida estaria obviamente empatada e o rubronegro seria o campeão.
O America-Parque, como era chamado pelos cronistas o campo do alviverde, na Jaqueira, se encheu de gente como fosse assistir a um jogo normal de 90 minutos. A partida foi reiniciada com bola ao chão pelo juiz Gastão Bitencourt. O Sport foi todo ao ataque de forma desesperada em busca do empate, o suficiente para garantir o título. O América não deu tréguas ao seu rival, mantendo incólume sua meta até o final, conseguindo o campeonato do qual ainda hoje se ufana.
Embora o América não tivesse conquistado quatro campeonatos consecutivos, pois perdera o de 1920 para o Sport, seus jogadores receberam honras de tetracampeões pernambucanos de futebol, não só pela diretoria do clube, mas também pela imprensa, que fez publicar uma larga foto com o rosto de todos os jogadores que participaram da campanha de 1918 até 1922.

O último título


EM PÉ: ZEZINHO, CAPUCO, JULINHO, DJALMA, EDGARD e OSÉAS;
AGACHADOS: PEDRINHO, BARBOSA, LEÇA, GALEGO e RUBENS.
Campeão de 1944, este seria seu último título pernambucano.

“O Recife viveu horas de grande vibração esportiva, vibração espontânea e justificada do povo, à tarde e durante a noite de anteontem, quando o glorioso América Futebol Clube sagrou-se, mais uma vez, campeão pernambucano de futebol [ganhou do Náutico, com um placar de 3x0. Aquela grande assistência que lotava parte das dependências do estádio da Ilha do Retiro recebeu com verdadeiro júbilo o triunfo do esquadrão ame- ricano, numa disputa leal, onde vencidos e vencedores foram dignos dos mais francos aplausos. O triunfo do América, não o triunfo de domingo, mas o triunfo do campeonato foi justo e merecido. Depois de 17 anos de trabalho, 17 anos de sonhos, o campeão do Centenário, honrando as suas tradições de baluarte dos desportos pernambucanos, conquista maisum custoso laurel para a sua história.” (Diário de Pernambuco de 20 de fevereiro de 1945.”
Após a conquista do campeonato de 1944 pelo América, somente os outros três grandes times da capital pernambucana levantaram o caneco.

Presente e futuro

O presente do América tem sido difícil já há alguns anos na segunda divisão de Pernambuco e fora das disputas regionais e nacionais, na segunda divisão desde de 1995, o clube encontra-se hoje inclusive fora do pernambucano da série A2, onde nesse processo é possível destacar a tentativa de um grupo de torcedores pernambucanos, que sequer virão o América em seus tempos de glória, nem por isso menos apaixonados, que pensam em criar uma associação de amigos do clube e se juntar a diretoria e a comunidade pernambucana no tento de ajudar o América, que ele volte a brilhar para que seu futuro possa ser diferente de seu presente e na medida do possível possa dar alegrias só de vê-lo jogar novamente, buscando sempre um passado de glórias, mas acima de tudo construindo um presente diferente para que o América possa ainda existir num futuro não tão distante.


Fontes:

Blog Futebol de Pernambuco em Fotos.

Blog do mequinha

Página eletrônica do jornalista Lenivaldo Aragão

Wikipedia – Campeonato Pernambucano - América

Este artigo é uma homenagem a um amigo, torcedor do América, que nos deixou num sábado do carnaval de 2008, Sr. Luis de França, que possuía uma banca de revistas, quase no cruzamento das ruas Conde de Irajá com José Bonifácio, na Torre, Recife. Partilhei com o Sr. Luis bons momentos, onde o mesmo me contou muitos causos dos idos das décadas de 40/50, sobre o bairro da Torre, o cinema onde hoje se encontra o prédio onde moro e, claro, sobre o América, sua única paixão no futebol.